Independente do material, todos vêm das ÁRVORES. Em seguida faremos uma breve descrição de como são fabricados e por fim um comparativo geral de suas vantagens e desvantagens, incluindo um teste de resistência à umidade, vamos lá?
Tudo começa com a extração, processo que foi feito indiscriminadamente por muito tempo (e ainda é feito em alguns lugares) o que resultou na devastação das nossas florestas e por isso vale a pena conhecer um pouco sobre o assunto para podermos priorizar um consumo consciente.
Começou como um processo totalmente manual, era feito com grandes serrotes, depois passou a ser feito com motoserras e sem restrições quanto às espécies extraídas.
Era mais ou menos assim: o que não ia para a construção civil, carpintaria, marcenaria, celulose e afins, virava lenha para abastecer grandes caldeiras. Muita crueldade não é mesmo? muita madeira centenária de qualidade já foi queimada.
Atualmente o consumo está sendo direcionado para gêneros e espécies de reflorestamento, como por exemplo o eucalipto, pinus, teca, mogno africano (nomes populares) dentre outras.
A extração hoje em dia pode ser completamente mecanizada, de tal forma que poucas pessoas com o auxilio de máquinas de grande porte, podem extrair grande volume de madeira em pouco tempo.
O tempo decorrido do plantio até a extração depende de vários fatores, como a espécie em questão e a finalidade, como por exemplo produção de papel, produção de carvão, materiais de marcenaria e construção civil.
Para exemplificar: na indústria do mdf, uma planta de pinus demora cerca de 2 décadas para se tornar uma chapa de MDF.
Após a extração, a madeira é transportada para a etapa de beneficiamento, a partir da qual se tornará matéria prima para o marceneiro/ carpinteiro.
Em um procedimento devidamente organizado, logo após a extração já é sabido se determinado lote de madeira será:
-submetido à laminação e usado na produção de chapas de compensados e similares
-submetido à moagem para fabricação de chapas de MDF, MDP e HDF
–será cortado, e eventualmente submetido à autoclave, para ser usado como madeira maciça.
O processo de beneficiamento será diferente para cada uma dessas aplicações e é interessante que o marceneiro tenha uma noção do que acontece.
Principalmente se sua matéria prima de preferência for a madeira maciça, pois seu beneficiamento (ou falta dele) afeta mais diretamente no trabalho do marceneiro.
Nas indústrias mais modernas, as toras de madeira são primeiramente submetidas a um processo de cozimento, as cascas são removidas e os resíduos abastecem as caldeiras da própria indústria, gerando economia de energia.
O processo de laminação então é feito da seguinte forma: a tora é segurada nas duas extremidades, submetida a um movimento rotativo e, após uma leitura a laser para otimização, uma grande lâmina transforma a tora em folhas (da mesa forma que acontece quando você aponta um lápis, só que em maior escala).
Essas lâminas de madeira são então escaneadas para devida separação, cortadas e passam por um grande secador, tudo mecanicamente automatizado.
Em seguida são empilhadas em número ímpar e em sentidos alternados com relação à direção das fibras da madeira e prensadas para colagem.
Por fim são esquadrejadas, lixadas e algumas delas recebem uma camada de revestimento diferenciada para serem usadas como formas de concreto na construção civil..
Várias espécies de madeira podem ser usadas e alguns parâmetros durante a fabricação podem ser diferentes, como por exemplo a cola usada, o tamanho final da chapa, aplicação ou não de revestimento.
Dessa forma resultam vários tipos de produtos para diversas aplicações, mas resumidamente é assim que se fabrica os laminados.
Na marcenaria, geralmente usa-se os compensados comum e naval, que são comercializados em chapas de 2200 mm x 1600 mm em várias espessuras (4mm 6mm 15mm 18mm 20mm dentre outras).
Este vídeo explica detalhadamente todo esse procedimento, com filmagens reais na linha de produção:
https://www.youtube.com/watch?v=d1ptFj_wqQg&t=8s
Para a fabricação do MDF, as toras são descascadas e picadas em pequenos pedaços que são chamados de cavacos.
Esses cavacos são então “peneirados” para selecionar um tamanho padronizado daqueles que servirão de matéria prima para as chapas e o restante vira biomassa juntamente com as cascas removidas abastecendo o maquinário da indústria.
Os cavacos selecionados são cozidos e amolecidos em uma grande “panela de pressão” chamada de digestor e é aqui que se diferencia o MDF (Medium Density Fiberboard), pois nessa etapa a madeira é desfibrada, ou seja,os cavacos viram fibras, etapa que não acontece na fabricação do MDP (Medium Density Particleboard).
Nessas fibras é pulverizada uma resina sintética, em seguida elas são secas com ar quente para atingir uma umidade adequada e depositadas em uma grande esteira para percorrerem um trajeto durante o qual esse “monte de fibra”, chamado de colchão, terá sua uniformidade ajustada e monitorada com equipamentos de alta precisão.
Por fim esse colchão de fibras é prensado à alta temperatura e se torna o painel de MDF, que será agora resfriado em um processo lento antes de ser empilhado.
Algumas chapas recebem um revestimento chamado de BP, que pode ser de várias “cores” enquanto outras são despachadas sem nenhum revestimento.
Existe no mercado uma opção de MDF cuja estrutura interna possui tom esverdeado e maior resistência contra a umidade, é o MDF Ultra.
No caso do MDP, conhecido popularmente como “aglomerado” o procedimento é parecido:
A madeira é inicialmente triturada e essas partículas (cepilhos) passam por procedimentos de secagem em estufa, separação por tamanho, aplicação de resina, são prensadas e coladas mas sem serem cozidas e desfibradas como no caso do MDF.
No centro da chapa ficam as partículas maiores e nas extremidades partículas menores.Isso ajuda na estabilidade da chapa e propriedades mecânicas.
Esse vídeo mostra detalhadamente a fabricação do MDF com filmagens reais na linha de produção:
https://www.youtube.com/watch?v=FOmaQSoPVDk&t=631s
E esse mostra a fabricação do MDP:
https://www.youtube.com/watch?v=yABn0wy9nfs
O vídeo a seguir é um teste que compara a resistência contra umidade entre os materiais citados acima:
No caso da madeira maciça, o processo de beneficiamento se consiste em cortá-la em formatos mais apropriados para manuseio e fazer uma secagem de forma correta.
Existe também o processo de tratamento em autoclave, para madeiras que serão destinadas à condições severas como contato direto com o solo ou com água por exemplo.
O processo consiste em submeter as toras à um ambiente de vácuo para remover o ar e umidade de seu interior e em seguida submergi-las em produto químico sob alta pressão. Esse produto possui alta aderência e protege a madeira contra ataque de fungos, cupins e outros agentes, tornando-a altamente resistente e durável.
O vídeo a seguir explica sobre o precedimento de autoclave:
https://www.youtube.com/watch?v=pdz9uBr75d8
Resumidamente, esses são os procedimentos de beneficiamento da madeira maciça. Quando não há tratamento em autoclave a madeira é simplesmente extraída, seca e cortada.
No entanto, apesar de simples, esses procedimentos devem ser feitos da forma correta para que a matéria prima não seja desperdiçada.
O corte é feito nas serrarias, normalmente por uma grande serra fita, que transforma o tronco em pranchas.
O processo de secagem é demorado, se for natural leva vários anos e em estufa leva semanas ou meses e a madeira deve estar devidamente “tabicada” (travada) enquanto seca para que não sofra empenamento.
Após secagem a madeira é encaminhada para as madeireiras, que comercializam essas pranchas.
Esse procedimento no Brasil ainda é muito negligenciado. Começando pela extração da madeira, que em muitos casos ainda existe de forma ilegal e predatória.
Além do mais é muito comum nos depararmos com madeiras “verdes” nas madeireiras, aliás, é difícil encontrar um lote de madeira devidamente seco em algumas regiões do país.
Felizmente esse processo vem mudando, as madeiras provenientes de reflorestamento estão ganhando espaço e o processo de beneficiamento nesse caso é feito da forma correta.
Embora algumas regiões do país ainda não desfrutem desse privilégio, atualmente já se comercializa madeiras de reflorestamento devidamente beneficiadas: em tamanhos padronizados, cortes feitos com precisão e teor de umidade ideal para ser trabalhada.
Resumidamente esse é o procedimento de beneficiamento da madeira: extração, corte e secagem.
Um dos pontos principais no que se refere ao trabalho do marceneiro é que geralmente o beneficiamento se estende até a marcenaria, ou seja, o marceneiro provavelmente irá precisar de várias ferramentas para não depender das madeireiras e serrarias no que se refere ao beneficiamento, durante a construção de móveis.
Existem outros tipos de chapas de madeira que também são usadas na marcenaria, porém com menos frequência que os materiais citados anteriormente. São exemplos:
HDF (High Density Fiberboard) cuja fabricação se assemelha à do MDF, porém é uma chapa cuja estrutura de fibras possui maior densidade.
OSB (Oriented Strand Board) é uma chapa feita com lascas de madeira, tem boa resistência mecânica e um visual bem característico. É muito usada na construção civil norte-americana e canadense.
Vimos um resumo sobre o trajeto dos principais materiais de marcenaria, usados atualmente, até a bancada do marceneiro.
Agora vamos fazer uma análise geral, lembrando que cada material tem suas vantagens, desvantagens e que existem profissionais extremamente talentosos para o uso de cada um deles, bem como clientes com diferentes gostos e preferências, ou seja, temos aceitação para todos eles:
1) Madeira maciça
2) Compensado
3) MDF
4) MDP
1) Madeira maciça
2) Compensado
4) MDF
5) MDP
1) MDF
2) MDP
3) Compensado
4) Madeira
1) MDF
2) MDP
3) Madeira
4) Compensado
Vale ressaltar que essa classificação pode conter elementos de subjetividade, não existe uma regra que define qual material é melhor para marcenaria, eles podem inclusive ser usados em conjunto, tudo vai depender de como o marceneiro gosta de trabalhar, do gosto do cliente que ele atende, das ferramentas disponíveis e da criatividade de cada um.
Para marcenaria, a madeira maciça é sem dúvida o material mais resistente, durável e nobre dessa lista.
Por outro lado, é o material mais caro e seu manuseio normalmente requer maior número de ferramentas.
Além disso, a madeira é suscetível à empenamento, dilatação, contração e rachaduras, principalmente se não for devidamente beneficiada, tornando a produção de móveis mais minuciosa e lenta.
Foi para suprir essas limitações que surgiram as placas de compensado, MDF, MDP e outras, pois elas garantem uma uniformidade e constância maiores do que na madeira maciça, além de facilitar o trabalho do marceneiro em determinados tipos de construção, permitindo uma maior produtividade, precisão e praticidade.
Normalmente o uso da madeira maciça é combinado com o de chapas de compensado.
O uso exclusivo de chapas de MDF é sem dúvida o mercado mais aquecido atualmente. Mais direcionado à produção de planejados: grandes armários embutidos que seguem o projeto de arquitetura da construção.
A grande maioria das pessoas opta pelo MDF na hora de mobiliar sua casa, pelo fato de se ter uma grande variedade em cores e rapidez na fabricação.
Já o MDP é mais usado na fabricação em escala de móveis de baixo valor agregado. Como por exemplo aqueles guarda-roupas baratos que vemos nas lojas tradicionais.
A produção de móveis em madeira maciça, por sua vez, fica atualmente concentrada na confecção de peças avulsas mais nobres, como por exemplo conjuntos de mesa com cadeiras, aparadores, bancos, portas, janelas etc.
Eventualmente também se vê planejados de madeira, em situações nas quais precisa-se de alta resistência, durabilidade ou estilo diferenciado.
Para quem tem interesse em fazer os próprios móveis por hobby ou quer ter isso como fonte de renda extra ou como profissão, mas não tem experiência e noção do manuseio de ferramentas, desenho e construção, é aconselhável que se busque uma orientação.
Em primeiro lugar deve-se pensar na segurança, pois o trabalho de marcenaria envolve máquinas que podem ser perigosas se manuseadas da forma errada.
Além disso uma orientação inicial pode te economizar muito tempo e material, por isso pode valer a pena investir nessa idéia se você tem vontade de pôr a mão na massa mas se sente inseguro.
Algumas opções seriam aprender pessoalmente com alguém mais experiente no assunto, ou procurar por treinamentos online voltados especificamente para a habilidade que você deseja aprimorar.
Espero que tenha gostado desse artigo e que queira visitar sempre o meu BLOG. Se você tem alguma crítica ou sugestão, ficarei grato por receber seu CONTATO.